segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Caveira mexicana: qual o significado delas?

Quantas pessoas acham estas caveiras lindas, mas… não tem idéia da origem e história da caveira mexicana. O que significa?
Qualquer um de nós se resolvermos fazer uma busca em sites de referência como o Wikipédia achará definições bonitas e rebuscadas para esta tradição das caveiras mexicanas.
Elas lembram-nos da morte. E o grande significado destes desenhos de caveiras é a forma como uma cultura lida com a morte de maneira totalmente diferente de outras culturas.
O significado de caveira mexicana ultrapassa em muito o luto: esta manifestação celebra o morto! Sim, comemora a vida de quem acaba de morrer!
Esta celebração se dá no Festival ou Festa da Morte! E nosso olhar, longe desta tradição e cultura nos faz enxergar nela algo perturbador e carregado de uma estranheza que a torna única em toda América Latina.

Caveiras Mexicanas: Qual a origem desta tradição?

Não há como começar este relato sem citarmos a figura do artista José Guadalupe Posada. Por que não podemos começar sem falar sobre este grande pintor e cartunista mexicano?
Posada, um artista renomado desde o século 19, é considerado o criador desta arte de caveiras chicana: é dele o traço da Catrina, a primeira caveira mexicana que temos notícia.
O artista buscava com isto, reafirmar a cultura local e criticar toda uma recém adquirida celebração de hábitos mais europeus de certa classe da população. O Objetivo era dizer: Por que não se assumem pelo que são? Somo um povo de origem índia, não somos europeus!

Calavera Garbancera: De onde vem esta expressão?

Nasce ai o que, naqueles tempos, foi chamada de ‘Calavera Garbancera’.
Garbancera denotava uma transformação cultural e basicamente a negação de suas origens indígenas: a expressão falava dos índios que trocaram a venda de milho e que começou a vender grão de bico.
caveira mexicana, desenhada por Posada, denunciava os índios que se portavam como espanhóis e franceses, uma vergonha de ser nacional. Era como uma negação de sua nacionalidade e os mexicanos consideravam uma ofensa contra sua cultura.
Nesta época já havia uma movimentação popular contra estas classes abastadas. Cobertas de sarcasmo, estes textos buscavam desmoralizar os que em seus hábitos negavam as raízes mexicanas. Havia uma zombaria dos que eram privilegiados.
Nestes textos de grande circulação, haviam como ilustração as caveiras. Os artistas retratavam estas caveiras — ou em alguns casos esqueletos — andando de cavalos ou nas já modernas, e caríssimas, bicicletas.
Caveiras elegantes, brancas, sem sangue e européias. E logo se tornaram símbolo da oposição, que já a usavam contra todo o status quo político daqueles tempos.
Esta tipificação, através da caveira do México ou Catrina, era o símbolo usado para apontar toda uma classe: os ricos e privilegiados.
As caveiras mexicanas eram usadas como a caricatura, como uma arma de insubmissão aos poderosos. Eram armas de escárnio aos que queriam embranquecer a sociedade de então.
Não à toa, que cenas como da ‘Alteza Mexicana’, eram retratadas em forma de esqueletos
Os desenhos de caveira, retratavam a miséria daquela sociedade que buscava uma máscara ou fantasia, longe da realidade do povo pobre e índio de então. Uma zombaria aos que queriam ser europeus e tinham vergonha de sua herança nacional.

Catrina ou La Catrina: Qual a origem desta expressão?

Passaram-se os anos e em meados do século 20, Diego Rivera cria uma verdadeira obra prima e um resgate das caveiras mexicanas. Ele cria ‘Sonho de um domingo à tarde no Parque Alameda’, um mural enorme que tem em seu centro uma caveira, vestida elegantemente. A figura central esta vestida com um vestido garboso, com um cachecol de penas de avestruz e um chapéu no melhor estilo francês.
Nesta obra, o célebre pintor, deixa de chamar o símbolo de garbancera e simplesmente a batiza como ‘La Catrina’. Desde então, a caveira mexicana é chamada assim: Catrina.
Mudou-se o nome, mas não o seu significado: a figura pintada por Rivera denuncia os mesmo hábitos de 50 anos antes.

Desenho de Caveira: Significa a morte?

Aqui passaremos a falar sobre a ‘aparição’ da Santa Muerte.
Sim, na década de 60 do século passado, aparece a imagem que tantos gostam de tatuar. Uma metamorfose de Nossa Senhora, a virgem, com um rosto que na verdade é uma caveira.
Estas imagens aparecem, segundo relatos, pela primeira vez em Veracruz.
São católicos daquela região, que adoram e veneram este símbolo chamado de Santa Muerte. E seus pedidos tem a ver com petições de prosperidade, amor e saúde.
Estes enfrentam o repudio da própria Igreja Católica, por serem considerados adoradores pagãos e não da religião cristã católica e seus ritos.
O Clero considerava a figura da Santa Muerte um escárnio a religião e que na verdade os adoradores de tal imagem estavam mais para filhos do diabo do que cristãos reais.

Dia dos Mortos: Tradição e Ligação com o Símbolo da Caveira

A celebração do Dia dos Mortos não nasce de forma recente na cultura mexicana. Esta manifestação vem de muito antes e remontam aos tempos pré-colonização espanholas.
Muitos historiadores afirmam que a volta da comemoração do Dia dos Mortospela sociedade mexicana e a transformação da mesma em um símbolo que ultrapassa o país e o tornou-se até mesmo num símbolo da pop art é a criação da arte das caveiras mexicanas por Posada e posteriormente por Rivera.
De escárnio, tornou-se em um símbolo de força contra a morte: Quase que uma cusparada na cara dela!
Durante as festividades, mulheres se pintam como Catrina. Desenham em suas faces a caveira do dia dos mortos trocando as cores soturnas, pois usam tintas de cores vivas e brilhantes trazendo beleza onde poderia haver aparência assustadora.

Maquiagem de Caveira Mexicana: Saiba mais sobre Maquiagem de catrina

No Brasil já é possível perceber a quantidade de pessoas que tem se fantasia do de Catrina e usam de toda uma criatividade na hora de se maquiar.
No tórrido Carnaval carioca já tinha pessoas usando a maquiagem de caveira mexicana. Em diversos bailes e festas a fantasia também se encontra diversos homens e mulheres usando as maquiagens.
Numa simples observação já se nota quem esta na intenção de ‘causar’ na festa com os trajes e pinturas inspirados na cultura mexicana e na festa do Dia dos mortos.
Basicamente tem uma maquiagem de catrina no rosco. Tudo delineado, com cores vivas e brilhantes. E esta moda veio pra ficar!

As caveiras mexicanas: comemoração em todo o mundo

O dia dos mortos não é só comemorado no México. Este tem sido um equivoco comum aos que não conhecem tal prática. Este dia é comemorado em diversas regiões do mundo.
Este tipo de celebração vai dos Estados Unidos até a Europa, tanto que uma das maiores manifestações disto é o Halloween americano, que leva milhões de pessoas a brincarem e irem as festas vestidos de bruxas ou crianças em buscas de doces em suas vizinhanças no mês de Outubro.

Como é a comemoração do Dia dos Mortos?

No México esta festividade ainda causa certo desconforto ao que não entendem as raízes da celebração. Sendo muito sincero, o que causa espanto é que há uma celebração alegre diante do tema morte.
Perceber que milhões de pessoas celebram a vida dos seus antepassados mortos, lembando-se deles, fazendo festa e homenageando suas memórias causam este desconforto numa sociedade como a nossa que tem arrepios diantes de uma sepultura.
Os mexicanos festejam e se fartam diante dos que já foram, como um memorial onde fazem rituais e ofertam de forma bem específicas.

Ofertas aos mortos

Aqui é necessário explicar qual o ponto de vista de quem fazem oferendas aos parentes mortos.
Na Festa do Dia dos Mortos, há a crença de que os que morreram voltam ao convívio de seus parentes neste dia. Portanto, os que crêem nesta festa levam o que há de melhor para celebrar com eles.
Os familiares levam comidas, as musicas prediletas, levam as crianças para brincar e tudo que se relaciona a vida e convívio familiar. Eles fazem tudo isto e colocam ao lado da foto do parente, onde acendem uma vela e colocam um copo de água.
Muitas famílias ofertam flores aos mortos, principalmente as flores de tom amarelados como a Cempasúchil, que são associadas a este tipo de celebração.

Caminho Iluminado por Velas

Outra prática bem comum na celebração do Dia dos Mortos é a deixar um caminho de velas acesas para que o morto possa segui-la e volte para a sua casa.
Além disto, há orações e muitas preces para que a alma do falecido encontre seu devido descanso.
Isto não isenta a festa diante da sepultura, onde há bolo e muita música celebrando a vida do parente morto.

Alegria diante da Morte

Neste dia, que no Brasil tem como data o dia de Finados, os mexicanos o encaram de uma maneira menos contrita do que nós.
Não é incomum, as matérias de TV no dia de Finados mostrar choro e velas em cemitérios brasileiros. Na maioria dos casos, o que há de mais alegre são as flores depositadas diante da ssepulturas.
No México, como já descrevemos anteriormente, há muita festa e alegria.
Há comida, festa, crianças correndo e muito compartilhamento de vida. É literalmente um dia de festa! Alegria! Folguedo!
As famílias neste dia não se reúnem para chorar, mas para sorrir e celebra a vida que eles tiveram com seu antepassado. Há ali uma imensa vontade de celebrar tudo que os cerca.
Por isso não faltam sorrisos, histórias e piadas para este dia que nos traz tanto estranhamento.
“A morte é democrática, pois, afinal, é escura, escura, rica ou pobre, todas as pessoas acabam sendo uma caveira “ Posada

Tatuagem de caveira mexicana

Quantas vezes você viu uma tatuagem de caveira mexicana em artistas? E em seus amigos? A cada dia este símbolo tem se tornado visível em qualquer parte do mundo.
As Catrinas ou tatuagens de caveiras mexicanas que vieram para ficar e ultrapassa toda e qualquer barreira cultural.
Algumas pessoas fazem estas tattoos por respeito à morte, outras as fazem para desafiá-la.
Enquanto milhões de pessoas fazem este tipo de desenho na pele, muito mais pelo estilo ou design tantas outras as fazem por um motivo: a cada vez que olham para a tatuagem, tem um ponto de contato ou lembrança de um parente! Prova de amor por sua herança familiar!
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